Minha história
Muito prazer, Dra. Camilla Guarnieri
Fonoaudióloga (CRFa 2-18977), mestre e doutora em Fonoaudiologia pela USP
Espero que não soe arrogante me apresentar assim, logo de cara, como Doutora. Faço isso porque tenho o maior orgulho desse título conquistado com tanto empenho. E não é um orgulho vaidoso, não. Pelo contrário. É a minha criança interior sorrindo que diz: eu virei cientista.
Outro dia, vi em algum lugar, uma frase que dizia, em outras palavras, que quando estivéssemos em dúvida sobre o caminho profissional, que relembrássemos o que gostaríamos de ser quando criança, o que gostávamos de fazer com toda força da alma, porque morava ali o caminho para o encontro profissional.
Eu sempre fui uma criança curiosa, que fazia experimentos e buscava entender o porquê das coisas. Naquela época, eu não tinha ideia do que significava, de fato, ser cientista. Eu só sabia que era isso que eu queria ser quando crescesse.
Eu cresci. E fui fazer colegial técnico em informática.
Mas e a ciência? A ciência estava ali, à espreita, nos pequenos sinais que a vida, sabida que só ela, vai dando até a gente entender.
Cursei o colegial em uma escola técnica da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e estar tão próximo da universidade me proporcionou ser observadora atenta de seu cotidiano. Isso fez nascer em mim uma vontade grande de me tornar professora universitária.
Com o ensino médio concluído, era hora de prestar vestibular. Minha certeza: eu queria estudar na USP (Universidade de São Paulo) e não seguiria carreira na informática, embora gostasse da área, não era essa a carreira que eu sentia ser minha.
Então, prestei vestibular para Relações Públicas. Passei, mas logo descobri que não era esse o meu caminho. Um ano depois, eu entrava no curso de Fonoaudiologia da USP-Bauru.
Veja que curioso: minha primeira escolha profissional estava relacionada à comunicação, assim como minha segunda escolha, embora em áreas distintas de atuação.
É a vida, que não dá ponto sem nó.
No início, eu não tinha muito bem definido o que queria seguir na Fonoaudiologia, embora tivesse uma ideia fixa em fazer ciência. Pronto, estava decidido, meu caminho seria esse: fazer a graduação dentro da Fonoaudiologia e guiar minhas pesquisas para áreas básicas da saúde, como anatomia, genética, fisiologia (tudo dentro da Fonoaudiologia) e focar na pesquisa. É isso. Eu seria essa cientista e nada de docência que ser professora não era para mim, segundo minhas recém-descobertas da época.
Então, eu já te falei que a vida não dá ponto sem nó? Pois é!
Logo no primeiro ano de graduação, cursei uma disciplina específica na área de fala e linguagem, que me encantou e que foi a porta de entrada para fazer alguns projetos de pesquisa e de extensão na área.
Preciso dizer que foi amor à primeira vista?
Cada vez mais, fui me apaixonando pela área de linguagem infantil e meu caminho, que já estava traçado, pegou uma nova rota.
Durante a graduação, meu olhar para a linguagem infantil foi se voltando para a parte de intervenção. Minhas pesquisas na área sempre tiveram esse objetivo: entender e aprimorar a intervenção nas questões de fala e linguagem. Sendo assim, naturalmente, foi esse o caminho que segui no mestrado, em que desenvolvi um Programa de Intervenção para Crianças com Atraso de Linguagem e isso mudou muito a minha forma de ver algumas coisas.
No período em que eu fazia mestrado – e isso se repetiu no doutorado, cheguei a ficar sem bolsa de pesquisa. Ruim na área financeira, nem tão ruim na vida profissional. Perder a bolsa por alguns períodos, embora tenha pesado no bolso, me deu a oportunidade de atender pacientes foram do ambiente controlado da clínica-escola, ou seja, eu estava cara a cara com o mundo real, com as crianças de diversos níveis sociais e culturais, cada uma com sua particular dificuldade. E isso foi extremamente rico para o meu aprendizado. Além disso, também tive a oportunidade de ir para a sala de aula, como professora. E não é que eu gostei?
Sim, sim, não vou falar da vida de novo. Mas, você entendeu o recado, né?
Toda a construção desse caminho nas pesquisas e nos estudos me levaram a um ponto cruscial: a ciência precisa ser acessível, tanto para os profissionais, que não são íntimos dos meandros científicos, quanto para as famílias.
Estava aí o meu propósito: traduzir a ciência.
Desenvolver o programa de intervenção também me abriu os olhos para duas coisas muito importantes. A primeira foi a percepção de que, muitas vezes, na área acadêmica, os profissionais se especializam muito num determinado ponto, que é realmente importante, mas que, às vezes, faz com que se feche os olhos para outras habilidades.
Eu percebi que, até aquele momento, estive muito focada na linguagem de forma isolada, tentando separar a fala da linguagem. Porém, a avaliação minuciosa que fiz para desenvolver meu programa de intervenção, no mestrado, me mostrou a importância de entender os aspectos da fala e que eu não podia focar apenas na linguagem porque existem outras habilidades interdependentes que são muito importantes também. Essa observação me abriu novas portas de estudo.
A segunda coisa que percebi foi a grande diferença na formação do fonoaudiólogo de cada centro, o que gera divergências em relação a alguns consensos. Por isso é importante buscar nivelar as informações, de forma que todos tenham conteúdo e formação de qualidade.
Como se não bastasse todas essas descobertas e a jornada desse caminho, a vida vem, de novo, e dá um empurrãozinho: fui convidada para atuar em um projeto, como professora assistente, dentro da área de EAD, de atualização para profissionais, na área de reabilitação.
Pronto, fez-se o emaranhado: cada ponto da minha vida até ali se cruza e se junta, enfim.
Destinei meu doutorado para a área de telessaúde e teleducação, aplicando conceitos que eu já dominava e que era estranho aos profissionais da saúde, como a preocupação com a experiência do usuário e usabilidade. Parte do meu doutorado, inclusive, foi realizado na Universidade do Sul da Florida, nos Estados Unidos, sendo supervisionado pelo Dr. Howard Goldstein que tem um referencial teórico muito forte e é referência na área de intervenção.
Ao final do doutorado, a professora já existia em mim, e foi o momento onde eu mais tive experiências como professora em cursos de educação continuada para fonos, principalmente online, inclusive atuando como coordenadora científica e pedagógica em cursos, aprimoramentos e instituições de ensino nessa área.
Estou em constante aprendizado, participando de estudos, congressos nacionais e internacionais, sempre em busca de aprimoramento tanto clínico quanto científico. Porque a ciência é isso: a união da prática com a teoria.
Atualmente, além da minha atuação como coordenadora e professora de cursos, também exerço o atendimento clínico de crianças com atrasos de fala e linguagem, na Care Materno Infantil.
E, antes que eu me despeça dessa apresentação, deixa eu te contar uma intimidade: eu sou a prima mais velha de um grupo de 10 primos, passei a infância planejando brincadeiras e atividades para entreter a criançada, nunca foi uma obrigação, sempre foi divertido e prazeroso.
Preciso dizer mais?
A criança que eu fui, criativa, que gostava de crianças, que inventava brincadeiras e queria ser cientista compõe a estrutura da adulta e profissional que sou hoje.
Muito prazer, eu sou a Dra. Camilla Guarnieri, cientista, professora e fonoaudióloga que inventa brincadeiras estratégicas para intervenções eficazes em crianças com questões de fala e linguagem.
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